sexta-feira, junho 03, 2011
Novas edições:
Alexandre Desplat, The Tree Of Life
Alexandre Desplat
“The Tree Of Life”
Lakeshore
4 / 5
É impossível sair da uma sala de cinema onde se acabou de ver A Árvore da Vida, de Terrence Malick, sem pensar na música que integra o corpo vivo do filme. O disco, com a banda sonora (ou banda musical, para sermos mais correctos na sua definição) não representa contudo o retrato fiel do que escutamos enquanto vemos as imagens. Pelo filme passam, entre outras, composições de nomes que vão de Brahms a Bach, de Holst a Berlioz, de Kancheli a Smetana... Peças devidamente apontadas nos créditos finais (que desta vez tanta gente fica a ler, difícil que de facto é sair da cadeira depois de tão intensa experiência). O disco limita-se contudo a juntar a música original que Alexandre Desplat compôs propositadamente para o filme (no fundo seguindo uma lógica semelhante à que comandara as edições discográficas ligadas aos filmes anteriores do mesmo realizador, em concreto O Novo Mundo ou A Barreira Invisível). No filme coube a Desplat a, não necessariamente ingrata, mas por vezes mais invisível, tarefa de vestir sequências de protagonismo musical menor. A presença de Desplat, mesmo discreta, é essencial à construção de um fundo que segura os demais momentos. E agora, em disco, a atenção centra-se nessa sua contribuição que se revela, afinal, em tudo coerente com a linguagem de Malick, ausentes estando apenas os instantes de intensidade maior (que na verdade sobressaem quando vemos o filme). As notas lentas de um piano, os fundos desenhados com orquestra, as texturas ocasionais, são tecidos estruturais no filme. E constroem, agora reunidas num disco, um corpo que podemos entender não apenas como extensão das imagens, mas capaz de definir por si um patamar emocional consistente e coerente. Falta, é certo, o disco que junte esta às outras músicas de A Árvore da Vida. Mas parte da vida do filme passa mesmo por aqui.