Sete peças para orquestra integram 7 Solos Pour Orchestre, um ciclo de Pascal Dusapin, aqui em gravação pela Orchestre Philharmonie de Liege Wallonie Bruxeles, dirigida por Pascal Rophé. A edição é da Naïve.
É um dos nomes maiores da música francesa do nosso tempo. E perante uma realidade presente, a escassa encomenda de obras orquestrais de grande fôlego, Pascal Dusapin resolveu o problema trabalhando... por episódios. Nascido em 1955 e tendo passado, na etapa de formação, por seminários conduzidos por Iannis Xenakis, Dusapin resolveu contrariar o cenário que acima se descreve projectando, ao longo de uma série de anos, um conjunto de encomendas no quadro de uma obra maior. Perante um cenário em que raramente, descreve, lhe eram pedidas composições com mais de dez a 20 minutos, sonhou então (é ele quem usa a palavra) com “uma forma complexa e extensa, reunindo sete peças autónomas que se regenerariam a si mesmas, fertilizando outras possibilidades e proliferando entre os interstícios abertos pelos fluxos precedentes”.
É assim que nasce o ciclo que recentemente levou a disco sob o título comum 7 Solos Pour Orchestre. Solos porque, explica o compositor, aqui entende a orquestra como um grande instrumento solista... Foram necessários 17 anos para completar este ciclo, o primeiro “episódio” surgindo em 1991 com Go, o sétimo chegando em 2008 com Uncut (estreado na Cité de La Musique, em Paris, em 2009).
Entre os “solos” há momentos de diálogo e troca, ideias que fluem de uns momentos rumo a outros... Metamorfoses que a música de Dusapin acolhe, ajudando-nos a entender uma das possíveis visões do trabalho de composição para orquestra no nosso tempo.