É muito simples: em defesa da seriedade da vida política, é preciso exigir ao jornalismo que seja... jornalismo. Verdade de La Palice? Sem dúvida, mas essencial num país em que a fulanização, o insulto e a insinuação passaram a ser métodos "informativos". O exemplo vem de José Sócrates, quando hoje, em Castelo Branco, nas comemorações do 10 de Junho, a propósito de uma notícia relacionada com um eventual futuro da sua carreira académica, se recusou a acrescentar o que quer que fosse, sublinhando: "Isso tem a ver com a minha vida privada." Para além do conteúdo da própria notícia (cujo fundamento e seriedade não estão em causa), Sócrates enunciou ainda um princípio salutar: "Por outro lado, acho que os jornalistas deveriam concentrar-se no jornalismo e não na mexeriquice". Eis uma regra rudimentar que vale a pena reafirmar — sabemos que não é fácil reflectir sobre estes problemas sem atrair maniqueísmos ideológicos e morais, mas importa persistir: no limite, o que está em causa é a dignidade de toda a classe política e também a credibilidade do trabalho jornalístico.