quinta-feira, maio 05, 2011

Indie Lisboa 2011: dia 1


São dois os filmes de abertura da edição 2011 do IndieLisboa. Um deles Carlos, de Olivier Assayas (passa hoje pelas 21.15 na Culturgest). O outro (de que se fala neste post) é Les Amours Imaginaires, o segundo filme de Xavier Dolan, abre hoje o festival no cinema São Jorge, pelas 21.30.

Foi uma das boas surpresas da edição 2010 do IndieLisboa. Com evidente carga auto-biográfica, e integrado na secção Cinema Emergente, o filme J’ai Tué Ma Mère revelava o jovem realizador canadiano Xavier Dolan num emotivo - e muito gritado - debate entre um filho (por si interpretado) e uma mãe. O estranho encontro com tão inesperada proposta fez desde logo de Les Amours Imaginaires um dos títulos mais aguardados da edição deste ano do IndieLisboa. Tanto que acabou mesmo por repartir com Assayas o estatuto de filme de abertura.
O novo filme mostra não apenas maiores ambições na narrativa e no pensar de uma imagem, como reflecte o que parece ser um orçamento menos próximo do quase nada que se sentira no filme de estreia. À ambição (que nunca fez mal a nenhum artista) não corresponde contudo igual poder de concretização.

Cruzada com pequenas vinhetas de tertúlias (ou são entrevistas?) que, mesmo concentrando alguns dos melhores instantes de humor do filme, acabam por não conseguir um relacionamento consequente com a linha narrativa central, Les Amours Imaginaires é, em traços muito largos, a história de um triângulo amoroso (mais desejado que realmente concretizado). Na verdade é mais um jogo de poder nas mãos de um dos vértices (o loiro Nicolas), os outros dois (Francis, interpretado pelo próprio Dolan, e Marie) imaginando um amor perfeito que, contudo, não está nas suas mãos.

Apesar de ocasionais momentos que reafirmam no jovem realizador um talento a acompanhar, Dolan junta contudo demasiados ingredientes neste segundo filme e perde a mão na hora de dosear os temperos. Uma colecção simplesmente fabulosa de canções (onde encontramos The Knife, Vive La Fête, Indochine ou uma versão de Bang Bang em italiano, por Dalida) e um trio de personagens que garantem alguma solidez ao centro de gravidade da narrativa impedem mesmo assim que o tropeção seja maior. Mas, garantidamente, fica aquém das expectativas.



Podem ver aqui a restante programação para hoje no IndieLisboa.