José Manuel Fernandes publicou este comentário, no Twitter, a propósito da intervenção de Augusto Santos Silva no Congresso do PS.
De que Nuremberga fala ele?
Ou de que falamos quando falamos de Nuremberga?
Da cidade que acolheu sucessivos comícios dos nazis [na imagem: 1933]?
Ou da cidade onde, em 1945-46, foram julgados os criminosos nazis [foto]?
Seja qual for a memória histórica evocada, é forçoso confrontar o seu autor com o facto de não ser possível ler estas duas imagens sem ter em conta uma quantidade imensa de imagens intermédias — esta é de Abril de 1945 e testemunha a situação encontrada pelas tropas aliadas que libertaram o campo de concentração de Buchenwald.
Seja qual for a memória que José Manuel Fernandes quer evocar, fica por demonstrar de que modo a personalidade, o discurso ou o comportamento de Augusto Santos Silva pode ser colocado em paralelo com as estratégias e os actos dos nazis.
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O assunto não é secundário. Por três razões muito precisas:
1) - porque a banalização de qualquer história — a começar pela história do Holocausto — favorece a decapitação dos valores mais básicos da inteligência individual e colectiva;
2) - porque o debate político, com todas as diferenças e clivagens que implica, não se confunde com a acumulação de insinuações, anedóticas ou criminais, sobre os adversários;
3) - porque nenhuma visão jornalística, mesmo ideologicamente (e legitimamente) orientada, se pode enraizar na banalização da história e na acumulação de insinuações.
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Importa discutir esta triunfante cultura da ligeireza e da irresponsabilidade que, incrustada no carácter "juvenil" de algumas formas de intervenção na Net, todos os dias favorece o não-pensamento — e muitas formas de facciosismo pueril.
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A classe política perde todos os dias um pouco mais da sua credibilidade junto dos eleitores não reagindo a esta proliferação de um "jornalismo" que se esgota na violência do sarcasmo fulanizado. Que classe política? Toda, à esquerda e à direita, no governo e na oposição — a começar pelo Partido Socialista.