quarta-feira, abril 20, 2011
Novas edições:
tUnE-yArDs, Whokill
tUnE-YaRdS
“Whokill”
4AD / Popstock
4 / 5
Percussões intensas, guitarras que traduzem ecos de escolas libertadas pela revolução punk, uma voz com alma, ocasionais texturas mais elaboradas... Mas na verdade é de diálogos entre mundos que vive a música que Merrill Garbus assina sob a designação tUnE-YaRdS. Diálogos esses entre uma certa urgência lo fi e uma busca por formas menos lineares, entre espaços da cultura ocidental e ecos de linguagens rítmicas escutadas mais além, entre a forma clássica da canção e uma angulosidade evidente que faz de cada tema um novo desafio. Whokill é o segundo álbum que Merrill edita sob esta designação e nele encontramos uma cativante montra de ideias que sabem ir muito além da linha de fundo de mais do mesmo que vive grande parte da música que vai nascendo por aí. Apoiada por palavras que sugerem uma consciência viva em cenário contemporâneo, as canções de Whokill são ecos vibrantes de uma pulsão criativa que sabe romper as fronteiras do conforto mais fácil para, com ousadia, sugerir desafios que tanto servem a busca de visões de quem as criou como o saciar de uma ideia de descoberta por quem, agora, escuta o disco. Demarcando uma região muito pessoal, o álbum não deixa contudo de revelar o que podem ser ecos de eventuais afinidades, que vão das incursões pelos terrenos das possibilidades da voz humana de uma Meredith Monk (ora ensaiando o canto ora experimentando espaços mais próximos da fala) a uma ideia de pop com ângulos intensos e a instrumentação abrasiva de uns Bow Wow Wow e uma visão além dos horizontes que nos são mais próximos ao jeito do ecletismo de uns Talking Heads. Whokill é um disco que se recomenda a quem sinta o desejo de caminhar, pela música, adiante dos trilhos que fazem a banda sonora de todos os dias. É uma experiência intensa, sem filtro, mas que sacia. É um disco que concentra ideias, formas, experiências. De um confronto entre uma aparente simplicidade primitiva na interpretação e a consciência de todo um conjunto de ideias reflectidas na composição, nascendo um álbum que vale a pena descobrir.