segunda-feira, abril 11, 2011
Novas edições:
Panda Bear, Tomboy
Panda Bear
“Tomboy”
Paw Tracks / Flur
5 / 5
Não era por acaso que se contava entre os discos mais aguardados de 2011, os quatro aperitivos servidos em single desde Julho de 2010 tendo lançando, um após outro, sucessivos episódios de confirmação de uma expectativa que, agora, se confirma em pleno. Tomboy é mesmo um dos grandes álbuns deste ano. Este é o sucessor de Person Pitch, o anterior disco a solo de Noah Lennox (que assina como Panda Bear), um dos melhores discos da década dos zeros. E, também, o primeiro que grava depois de Merriweather Post Pavillion, o álbum de 2010 dos Animal Collective (onde milita) que representou estimulante síntese das mais marcantes das ideias que cruzaram os universos da pop na primeira década do século XXI. De vistas largas, mesmo ciente de ter entretanto definido uma linguagem própria (e portanto com características que a distinguem das demais), Noah Lennox procurou não fazer uma sequela nem do seu último disco a solo nem do ponto onde os Animal Collective nos deixaram depois de Fall Be Kind, o EP que se seguiu ao álbum de 2010. Na verdade, as canções que hoje escutamos em Tomboy começaram, algumas delas, a nascer estrada fora, durante os quase três anos e meio que correu palcos em digressão com a sua banda. O disco ganhou contudo forma num pequeno estúdio em Lisboa. Numa cave, escura, mas sob a consciência de uma luz lá fora... Este confronto de luminosidades acaba de ser uma das primeiras marcas que separam Tomboy de Person Pitch, este último um disco de luz mais presente, horizontes mais abertos... Mais evidente é contudo a forma como a música ganha forma, a lógica de samples e colagens de Person Pitch não tendo continuidade neste novo disco onde uma outra liberdade formal conduz canções que procuram também não caminhar muito para lá do formato mais “clássico” dos quatro minutos. A voz acaba por ser o elo de ligação que no fim lança eventuais traços de continuidade, as sucessivamente apontadas afinidades para com as heranças vocais de uns Beach Boys voltando por isso a fazer sentido. Tomboy é um pequeno mundo feito de acontecimentos que se descobrem audição após audição. Arruma logo na primeira etapa do alinhamento pérolas como Last Night At The Jetty, Surfer’s Hymn, Tomboy e You Can Count On Me, precisamente os quatro singles que editou antes da chegada do álbum. E arruma, a fechar, o absolutamente magnífico Benfica, tema que reflecte no título um evidente sinal da vivência lisboeta do músico, na verdade a canção não sendo senão uma reflexão sobre o que, afinal, é a competição (ideia transversal à sociedade do nosso tempo). Tomboy é mais um episódio de excelência na obra de um nome que, tanto a solo como com os Animal Collective, é cada vez mais uma das figuras centrais da música do início do século XX.