terça-feira, abril 26, 2011

Novas edições:
Low, C'Mon


Low
“C’Mon”

Sup Pop

4 / 5


Passaram quatro anos sobre a edição de Drums and Guns e, no reencontro com os discos, os Low arrumam (pelo menos momentaneamente) a pulsão política que atravessavas as canções do álbum de 2006 e reencontram, no novo C’Mon um espaço de demanda mais interior, em canções que sublinham uma vez mais as marcas de identidade de um trio que muitas vezes é apontado como referência maior do slowcore. C’mon é um disco tranquilo, tanto na forma das canções como no modo como o grupo as encara enquanto espaço com arestas bem contornadas, capazes de sugerir patamares de relacionamento com diversas referencias que moram entre a genética da sua identidade. A atmosfera é de sentida melancolia, mas o tom que abraça as canções sugere conforto, mesmo se as palavras expressam reflexões onde a dor possa ocasionalmente conhecer algum protagonismo. Ao nono álbum os Low parecem ter encontrado um lugar próprio que tanto expressa todo um quadro dramático como o molda a melodias que afagam e aconchegam. É entre medos e sonhos que moram estas canções. E, do apelo quase clássico do absolutamente irresistível (e imeadiatamente acessível Try To Sleep) ao melodismo quente, conduzido pelas guitarras acústicas, de Something’s Turning Over, seguindo por um alinhamento onde as vozes de Alan Sparhawk e Mimi Parker dividem protagonismo entre canções, C’Mon é um disco que, sem a necessidade de uma agenda esteticamente ousada, sugere pequenos instantes de encanto. Renovando, uma vez mais, a relação da banda com uma linguagem feita de suaves tons menores. E garantindo aos Low mais um episódio feliz numa discografia sempre recomendável.