sábado, março 05, 2011

Um jogo de contrastes


Segundo volume de uma integral em construção (pela Naxos) que junta um maestro finlandês e uma orquestra da Nova Zelândia à música de Jean Sibelius.

Não tivemos de esperar muito tempo para conhecer o sucessor de uma das mais interessantes edições discográficas de 2010. E assim, meses depois de ter editado em disco gravações das Sinfonias números 1 e 3 de Sibelius, o maestro Pietari Inkinen apresenta agora as Sinfonias números 4 e 5 num mesmo disco, novamente frente à New Zeland Symphony Orcherstra. Respectivamente estreadas em 1911 e 1915, são duas obras fulcrais entre a música do compositor finlandês e revelam entre si profundos contrastes que reflectem, de certa forma, diferentes estados de alma na vida do autor. Na sequência de um tempo algo atormentado na sua vida pessoal, a Sinfonia Nº 4 revela um mundo de melancolia e desolação (integrando inclusivamente no andamento final algumas ideias em que Sibelius trabalhara para uma peça, que não concluíra, pensada para acompanhar o poema The Raven, de Edgar Allan Poe. Estreada no ano do seu cinquentenário, a Sinfonia Nº 5 é, num outro caminho, uma música feita de luz e esperança, sob uma pulsão heróica. Inkinen volta a brilhar, revelando esta integral em construção o trabalho de um maestro que aqui esbate e ultrapassa as distâncias que separam a sua actual “casa” do mundo em que Sibelius viveu.