quarta-feira, março 02, 2011

Novas edições:
Papercuts, Fading Parade


Papercuts
“Fading Parade”

Sub Pop / Popstock

2 / 5


Tal como John Vanderslice, de quem esta semana aqui apresentamos o novo álbum, também Jason Quever é um cantautor de alma indie e passaporte norte-americano. Tem discografia desde o ano 2000 mas desde cedo optou por se apresentar através de um nome de banda (da qual, na verdade, ele é o único elemento fixo, a cada digressão chamando a bordo músicos para o acompanhar na estrada). Há quatro anos Jason apresentou, no álbum Can’t Go Back, um magnífico conjunto de canções que vincavam não só a sua filiação em terrenos indie para guitarras pouco angulosas como também um gosto por heranças pop dos sessentas, com nomes como os Byrds e outros heróis de então entre o mapa genético que o define. Correu estradas ao lado de bandas como os Grizzly Bear, Beach House ou Vetiver, trabalhou em estúdio com Cass McCombs, mantendo para o seu projecto um certo low profile que, de certa forma, parece seguir o ritmo dos passos da alma que corre pela sua música. Contudo, Jason Quever não conseguiu ainda criar o disco que garanta a si (e aos Papercuts) o passo adiante que esse álbum de 2007 pedia como seu sucessor. Editado em 2009, You Can Have What You Want ficava inclusivamente atrás do que Can’t Go Back nos mostrara dois anos antes. E o mesmo podemos agora dizer do novo Fading Parade (que assinala a sua estreia na Sub Pop). O fulgor pop que cruzava algumas das canções do álbum de 2007 não regressa uma vez mais, em seu lugar surgindo, uma atrás de outra, canções que caminham timidamente cada vez mais distantes entre memórias lo-fi e uma produção que esbate inclusivamente a demanda de um som cheio, o resultado não indo muito além de uma simpática carteira de boas intenções, mas em tempo de dieta. São ainda visíveis os sinais de heranças dos sessentas, marcas de uma vivência que conhece os grandes episódios da história pop/rock de San Francisco (onde Jason vive há já alguns anos)... Mas, pela carteira de canções e pelas opções tomadas na hora de lhes dar forma, Fading Parade está longe de ser um disco memorável.