quarta-feira, março 09, 2011
Novas edições:
Nicolas Jaar, Space Is Only Noise
Nicolas Jaar
“Space Is Only Noise”
Circus Company / Flur
4 / 5
Mais um nome a descobrir e mais uma estreia de um jovem músico de pouco mais de 20 anos, fazendo uma vez mais destas primeiras semanas de 2011 um verdadeiro palco de grandes revelações. Chama-se Nicolas Jaar, é norte-americano, mas viveu alguns dos seus primeiros dias em Santiago do Chile, tendo regressado aos EUA onde o mundo da música o cativou, editando mesmo primeiros sons ainda antes de terminado o liceu. Aos 21 anos, e numa altura em que completa os estudos universitários, a sua agenda concilia ainda espaços para actuações como DJ, a produção de música, a gestão da sua própria editora e, agora, a estreia de um primeiro álbum em nome próprio. Estamos num universo onde as electrónicas moldam as formas mas cuja genética transcende os espaços mais habitualmente citados nestes comprimentos de onda (incluindo os caminhos da música soul e os da pop), o que parece ser uma admiração pelas demandas de um Erik Satie e um gosto pela criação de sensações de espaço com alma cinematográfica habitando entre os meandros de uma música que na verdade se revela mais elaborada e cheia de micro-acontecimentos que o que um primeiro encontro possa sugerir. Apesar do frequente envolvimento com as formas da canção (e em Too Many Kids Finding Rain In The Dust, I Got A Woman e no monumento electro pop de Space Is Only Noise If You Can See são-nos apresentados belos exemplos de uma bem aprumada escrita de canções), pelos caminhos de Space Is Only Noise encontramos sobretudo marcas da procura de espaços feitos de som, a canção sendo assim, mais que um destino, uma das rotas pelas quais eventualmente passa alguma da música de Nicholas Jaar. As batidas, as vozes (das cantadas às vocalizadas, não esquecendo outras, faladas), a pontuação de um saxofone, juntam dimensões que fazem desta música um espaço que, mesmo virtual e abstracto, ganha formas e nos aceita como presença. Algures entre os caminhos de um Murcof e os de um James Blake, o magnífico álbum de estreia de Nicolas Jaar coloca em cena uma nova voz criativa que desde já nos deixa certos de que aqui há mais que apenas uma promessa. Um pouco como os EPs que James Blake foi lançando entre finais de 2009 e 2010, Space Is Only Noise lança ideias, coloca um nome em cena. E é mais que certo que vamos ouvir falar muito mais vezes deste Nicolas Jaar.