segunda-feira, março 07, 2011

Novas edições:
Lykke Li, Wounded Rhymes


Lykke Li
“Wounded Rhymes”

Atlantic / Warner

4 / 5


É um dos mais aclamados entre os nomes de uma nova gerações de vozes suecas. Lykke Li já viveu em Portugal, também passou por Marrocos, pelo Nepal e Índia, aos 19 anos vendo-se em Nova Iorque, regressando a Estocolmo para gravar aquele que, editado em 2008, foi o seu (muito recomendável) álbum de estreia. Mas muito parece ter mudado em menos de três anos e, ao escutar as canções do novo disco compreendemos quão distantes vão os dias mais luminosos de Youth Novels (e das colaborações que se seguira, ligando-a a, entre outros, o produtor Kleerup ou os noruegueses Royksopp). De resto, e como o próprio título desde logo sugere, entre as canções de Wounded Rhymes mora uma alma que contrasta com a que dominara o álbum anterior. A dor habita entre canções magoadas, criadas fora de portas, a cantora tendo rumado a Los Angeles, a um sonho de encontrar espaços que liga a referências pessoais (de Joni Mitchell aos Doors ou David Lynch) e a um espaço de solidão que serviu de tela onde esboçou as canções que agora apresenta. O desencanto que encontramos nas palavras não se materializa contudo em monólogos para acompanhamento minimalista. Pelo contrário, e sob a presença em estúdio de Björn Yttling (do trio Peter, Paul & Björn), molda as canções em espaços que colocam as percussões no centro das atenções, as guitarras juntando-se sem vontade de seguir as mais tradicionais heranças da música eléctrica, procurando, antes, a construção de pequenos grandes acontecimentos que, mesmo ocasionalmente grandiosos, nunca evitam a fragilidade da melancolia que atravessa todo o alinhamento. Wounded Rhymes encontra o seu caminho entre uma paisagem emocional magoada. Um terreno vezes sem conta já percorrido, reconhecidamente fértil) e que aqui gera o disco que transporta a sua autora para bem lá dos cantos de juventude com que se apresentara há apenas três anos. Ao segundo álbum Lykke Li afirma-se já como uma das grandes certezas da música europeia do nosso tempo.