terça-feira, março 22, 2011

Novas edições:
The Human League, Credo


Human League
“Credo”

Wall Of Sound

2 / 5


Nunca deixaram de ser uma banda activa, ou seja, nunca se “reformaram”... Mas são sempre longas as pausas entre os discos que editam, pelo que a cada novo álbum que chega, se pode falar sempre de um “regresso” dos Human League. Com efeito, depois de uma visionária etapa inicial entre 1978 e 80 (da qual resultaram os álbuns Reproduction e Travelogue, pioneiros marcantes na história da pop electrónica) e de um período de afirmação de uma identidade pop de expressão global entre 1981 e 86 (que corresponde aos álbuns Dare!, Hysteria e Crash), a vida discográfica dos Human League virou coisa de agenda para lá de bissexta, com discos de originais bem separados entre si no tempo, nos últimos 20 (bem, 21 para ajudar as contas) tendo lançado Romantic (1990), Octopus (1995) e Secret (2001), aos quais se segue, agora, Credo. Os dez anos de intervalo entre este e aquele que foi então elogiado como o melhor dos discos do grupo desde o início dos oitentas não parecem ter trazido muito mais à alma dos Human League... Ninguém aqui esperava nova revolução, que quem ajuda a fazer uma em vida já tem conta que chegue. Mas, além de uma produção com uma angulosidade na arquitectura dos ritmos que cruza a genética histórica do som electrónico do grupo com as marcas de identidade do presente (que dela decorre), não há necessariamente muitos motivos para deslumbramento por aqui... Never Let Me Go, por exemplo, sublinha uma matriz disco sob uma lógica rítmica contemporânea. Night People também vinca os traços de uma arquitectura electro actual. Mas a banda que em tempos inventava visões adiante do seu tempo vive agora, de certa forma, de costas voltadas para o futuro. Nada contra, que quem inventou o futuro uma vez tem também já a sua conta feita. Na verdade, mais desmotivadora que estes repetidos duetos entre de ecos de formas do passado com os formatos do presente é, ao longo do álbum a falta de canções capazes de estar à altura do que os Human League nos mostraram em discos anteriores. A familiaridade das vozes e uma lógica melodista não muito distante do que escutávamos em discos de outros tempos vai grantir a adesão de quem vive feliz entre ecos de nostalgia dos oitentas. Mas salvo em raras ocasiões (como se escuta, por exemplo, em When The Stars Start To Shine), os Human League pouco mais mostram em Credo que uma revisão de si mesmos segundo uma tentativa, algo inconsequente, de demanda de uma produção electro(nica) actual... E sem grandes motivos para novo entusiasmo.