terça-feira, março 29, 2011

Novas edições:
Poly Styrene, Generation Indigo


Poly Styrene
“Generation Indigo”

Future Noise Music

3 / 5


Uma das vozes da primeira geração punk britânica, Poly Styrene ganhou o seu lugar na história do movimento que mudou o mundo pop/rock em meados dos setentas através da obra que então assinou como vocalista dos X-Ray Spex. Após o desmembramento da banda editou ocasionais discos a solo, cada qual seguindo caminhos bem diferentes, o primeiro dos quais, Translucence, lançado em 1981, a sua vida pública vivendo desde então mais de silêncios que de discos e acontecimentos pop. Trinta anos depois desse primeiro instante em nome próprio apresenta-se de volta com Generation Indigo, disco que em tudo transpira heranças directas (e em si absolutamente naturais) das memórias dos dias vibrantes que ajudou a inventar em finais dos setentas. Estamos num terreno feito de canções com alma pós-punk, onde as guitarras convivem entre uma matriz electro, um melodismo pop festivo e uma pulsão dançante cruzando o alinhamento. Menos angulosas que as canções de uns X-Ray Spex, as propostas de Generation Indigo visitam sobretudo um espaço pop possível a partir de um berço punk. Ao mesmo tempo os ecos do tempo que passou estão aqui sublinhados, sentindo-se como Poly Styrene assimilou entretanto a vivência de bandas que, de uns Gossip a uns New Young Pony Club, a tomaram como referência. Na recta final do alinhamento surge, em No Rockfeller, o que poderia parecer um ovni caribenho, na verdade nada mais senão uma outra marca de afinidade com ecos de partilhas que caracterizaram a cultura pop nascida na ressaca da revolução punk. Coerente, e com um punhado de belas canções, Generation Indigo devolve uma veterana à actividade com um disco que, mesmo recheado de heranças com mais de 30 anos, em nada se serve como um exercício de nostalgia.