Entre a Suíça e Hong Kong vivem as imagens as personagens e a narrativa que descobrimos em Soundless Wind Chime, a primeira longa-metragem de Kit Hung (também ele com o dia a dia vivido entre estes dois pólos). O filme, que integrou a programação do Queer Lisboa em 2009, acaba de conhecer edição em DVD no Reino Unido.
Esta é uma história que se vive entre o Ocidente e o Oriente, mas também entre o mundo da realidade e o da ilusão. A narrativa, que nos é apresentada de forma fragmentada, por vezes mais sugerida que explicada, acompanha as vidas de Ricky e Pascal. O primeiro vive um quotidiano sem sabor, trabalhando nas entregas de um restaurante em Hong Kong. O segundo, de origem suíça, está por aqueles lados do mundo quando um dia rouba a carteira a Ricky, um reencontro transformando esse primeiro cruzamento num inesperado espaço a dois, cuja estabilidade não é partilhada da mesma forma por ambos. As imagens e caminhos entre as ruas de Hong Kong são por vezes interrompidas por paisagens de um outro lugar. Num outro tempo, na Suíça, Ricky procura ecos do mundo de Pascal. E o que ali encontra, entre a ilusão e um fundo real, ajuda-o a encontrar um novo futuro, moldado assim sob a força maior de memórias que não esquece.
Entre a cor do buliço de Hong Kong e os tons frios da paisagem rural da Suíça alguém sonha um reencontro, assim procurando uma nova realidade para o seu futuro. E é entre estes dois mundos, os dois que o realizador tão bem conhece, que evolui a história de um filme que junta a um argumento bem construído uma visão poética suportada por um sentido plástico envolvente e uma belíssima banda sonora (de recorte electrónico, composta por dois elementos dos Seplasonic). Uma narrativa que se conta tranquilamente, como se murmurada, ao espectador sendo dado tempo para viver as imagens, somar as sugestões, encontrar o caminho da história.
Imagens do trailer de Soundless Wind Chime.