sexta-feira, março 04, 2011

Daniel Levin: o jazz como "coisa" orgânica


Uma luminosa jóia do jazz... ou não? O som do quarteto de Daniel Levin é tão exuberantemente jazzístico, tão feliz através das possibilidades de inventariação / decomposição / reconstrução das formas, dir-se-ia que o podemos definir — aliás, escutar — como "coisa" que desafia qualquer rótulo único e definitivo. Lembremos, em todo o caso, que o jazz é também essa vontade de superar a dependência de qualquer rótulo, encontrando uma nova organicidade. Título eloquente: Organic Modernism.
Estiveram recentemente entre nós, passando sucessivamente pelo Porto (Casa da Música), Portalegre (Portalegre Jazz Fest) e Lisboa (Culturgest). Sublinhemos, sobretudo, o facto de o som deste colectivo — Levin (violoncelo) + Nate Wooley (trompete) + Matt Moran (vibrafone) + Peter Bitenc (contrabaixo) — se espraiar por paisagens em que a nitidez dos horizontes aceita a poesia das sombras, num ciclo de exercícios que abre com uma trilogia de títulos tão saborosos como 'Action Painting', 'Zero Gravity' e 'My Kind of Poetry', para terminar, lá mais à frente (são 12 faixas), com o esclarecedor 'Active Imagination'.

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PS (1) - Organic Modernism é mais um pequeno grande acontecimento com a chancela da editora Clean Feed. Sem que isso esteja minimamente em causa, importa deixar uma observação — pragmática e construtiva — sobre o facto de o texto (interessantíssimo!) publicado no interior da embalagem do CD surgir em caracteres tão miudinhos (não é caso único...) que torna a sua leitura um épico acto de resistência. Além do mais, quem o assina é Art Lange, crítico de Chicago que foi o primeiro presidente da Jazz Journalists Association.

PS (2) - Porque é que, ao acedermos ao site da Clean Feed, alguns filtros avisam para a existência de vírus informáticos?

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>>> Este é um pequeno filme de 2009, assinado por Robert O'Haire, com Steve Swell (trombone), Rob Brown (saxofone) e Daniel Levin, interpretando Planet Dream.


>>> Sobre Organic Modernism.