Desenho, 1975 |
Pintor, escultor, fotógrafo, criador de formas, pensador das formas da criação, Ângelo de Sousa morreu na sua casa no Porto, vítima de cancro — contava 73 anos.
Raros são os artistas capazes de nos transmitir este sentimento de uma simplicidade capaz de tocar toda a pluralidade do mundo, sem a diminuir nem desrespeitar. Ângelo de Sousa legou-nos essa arte da depuração, por certo marcada por influências várias (desde logo Klee e Mondrian), mas sempre na procura de uma singular cumplicidade, ainda que efémera, com o olhar do outro. Em 2010, Jorge Silva Melo registou algo desse processo no filme Ângelo de Sousa — Tudo o que Sou Capaz [imagem em baixo].
Nasceu em Lourenço Marques (hoje Maputo), tendo vivido no Porto desde os 17 anos, aí estudando na Escola Superior de Belas Artes. Fez a primeira exposição pública em 1959, na Galeria Divulgação, ao lado de Almada Negreiros. Foi co-fundador da Cooperativa Árvore. No final da década de 60, foi bolseiro pela Fundação Calouste Gulbenkian e pelo British Council, nessa época formando o grupo "Os Quatro Vintes", com Armando Alves, Jorge Pinheiro e José Rodrigues (assim chamado por todos terem obtido a classificação máxima na licenciatura). A sua obra está representada em vários museus portugueses, incluindo Museu do Chiado, Fundação de Serralves, Museu Berardo e Fundação Calouste Gulbenkian. No ano 2000, aposentou-se da Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto — aí foi um dos primeiros professores catedráticos na disciplina de Pintura.
>>> Entrevista por Anabela Mota Ribeiro (Público, 25/01/2009).