Martina Topley Bird
“Some Place Simple”
Honest Jon’s / Flur
3 / 5
Descobrimo-la em meados dos anos 90 quando se revelava como voz parceira de Tricky nas canções de Maxinquaye, o álbum de estreia do músico, em 1995. Martina Topley Bird participou em mais outros discos de Tricky mas, em finais dos anos 90, os caminhos de ambos seguiram rumos em separado. E em 2001, em Quixotic, Martina apresentava o seu primeiro disco a solo. Seguiu-se The Blue Dog em 2008. E agora, um ano depois de ter surgido como uma das vozes convidadas no mais recente disco dos Massive Attack, apresenta em Some Place Simple o que podemos descrever como um desfile de versões menos complexas de temas dos seus dois primeiros discos às quais acrescenta quatro temas inéditos. O título deixa claro um programa. O de encontrar um lugar “simples” para canções que na forma original se apresentavam com cenografia mais elaborada. Não se trata contudo de uma dieta acústica (evitando-se mesmo o que foi um dos mais estafados lugares-comuns na música dos noventas). As canções respiram ainda uma ideia de espaço, a voz surgindo como protagonista menos toldada pelos arranjos, estes todavia capazes de acolher uma variedade de instrumentos e ideias, a “simplicidade” sendo afinal coisa relativa. Foi Damon Albarn quem desafiou a cantora a despir as suas canções a um patamar de maior nudez. Em vez de encontrar um programa a aplicar ao acervo de temas (a tal lógica unplugged funcionava muitas vezes assim, traduzindo muitas vezes uma certa falta de imaginação na procura de novas faces para velhas canções), Martina encarou as especificidades de cada uma. E apresenta em Some Place Simple um conjunto de olhares que, sem pretenderem substituir os originais, são interessante proposta alternativa ao que Martina apresentara nos dois discos anteriores. Delicadas, as formas acolhem uma voz que assim revela uma maior fragilidade, em conjunto revelando uma bela colecção de canções.