segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Novas edições:
John Vanderslice, White Wildness


John Vanderslice
“White Wilderness”

Dead Oceans / Popstock

4 / 5


Com já longa carreira e relativamente extensa discografia que remonta aos anos 90 e, a solo, com lançamentos frequentes desde o ano 2000, John Vanderslice é mesmo assim um daqueles talentos indie a quem ainda não se deu o merecido reconhecimento. Entre a sua discografia somou já títulos como Pixel Revolt (2005) ou Emerald City (2007) que lhe deveriam ter merecido alguma visibilidade maior adiante das cercanias indie onde nasceu e é seguido por alguns atentos admiradores. Mas não é essa a meta que mora na sua agenda. E, entre o seu trabalho e o do estúdio que gere (e onde trabalha) vai traçando um caminho com personalidade demarcada que agora desemboca num interessante desafio: o de trabalhar com uma orquestra. White Wilderness nasceu numa série de sessões de estúdio na companhia da Magik Magik Orchestra. Mas, em lugar de assinalar uma partida da sua música para lá dos espaços da canção de autor, com travo indie (e cada vez mais distante assimilação de ecos da cultura folk), John Vanderslice faz do disco um espaço de diálogos e complementaridades, a orquestra na verdade acrescentando dimensões, não procurando assim outros patamares ou destinos. Estamos por isso num lugar diferente daquele que Sufjan Stevens elegeu para, em The Age Of Adz, procurar uma noção de sinfonismo para canções que, com orquestra, levou para lá das suas formas habituais. John Vanderslice optou antes por ver na orquestra uma fonte de novas possibilidades na exploração dos detalhes e camadas de acontecimentos que habitualmente povoam as suas canções. O resultado pode não ser assim tão ousado, tão visionário, mas a verdade é que entre as nove canções de White Wilderness John Vanderslice mostra uma vez mais que não apenas é um talentoso escritor de canções como, acima de tudo, um músico que sabe como compor cenários que, sem as afogar, as tornam um mundo pleno de pequenos grandes acontecimentos. O convívio com a orquestra ocupou um lugar onde já moraram electrónicas. E abre portas a novas possibilidades a uma música que gosta de se vestir bem.