Chegou recentemente às livrarias o segundo volume da mais recente aventura de Blake & Mortimer, heróis clássicos da BD franco-belga. Este texto foi publicado originalmente numa coluna na edição de 18 de Dezembro do DN Gente.
Criadas por Edgar P. Jacobs, as aventuras de Blake e Mortimer contam-se entre os exemplos maiores da história da banda desenhada de origem franco-belga. Cruzando heranças das narrativas de aventuras e do thriller com uma lógica próxima da ficção científica (que podemos recordar por exemplo em livros como O Enigma da Atlântida ou A Armadilha Diabólica), estas histórias ganharam um lugar como referência para o mundo da BD. A morte de Jacobs, em 1987, não representou todavia um ponto final para as vidas de Blake e Mortimer. E, em 1996, uma nova história (O Caso Francis Blake) encetava um novo capítulo. A Maldição dos Trinta Denários é já a sexta aventura publicada na era pós-Jacobs, o segundo volume chegando agora às livrarias (pela ASA). Assinado por J. Van Hamme (na sua terceira aventura com estes heróis) e Antoine Aubin, apresenta uma história que nos leva entre ilhas gregas e antigos oficiais das SS (Olrik inevitavelmente entre as fileiras dos vilões da fita), em busca do túmulo de Judas e dos 30 dinheiros que terá recebido. Mas se graficamente o álbum segue as linhas de rigor formal de Jacobs, já a narrativa mostra, apesar do respeito, a características das personagens, mais afinidades com o universo de um Indiana Jones. Triste destino, quando na obra de Jacobs reconhecemos, sobretudo em grandes álbuns como O Mistério da Grande Pirâmide ou no clássico maior que é A Marca Amarela, alguns dos mais inspirados casos de sempre na história da BD.