quinta-feira, janeiro 27, 2011

Novas edições:
White Lies, Ritual


White Lies
“Ritual”

Fiction / Universal

1 / 5


Ao contrário de James Bond (a quem Nancy Sinatra cantou em tempos You Only Live Twice), os revivalismos na música pop só se deviam viver uma vez em intervalos de tempo devidamente afastados entre si. Pelo menos em ciclos de dez anos não faz sentido bater duas vezes à mesma porta, tantas que são as possibilidades há por aí, e tão esgotado que por vezes fica o filão de recuerdos revisitados até mais não... E foi o que aconteceu com o reencontro com ecos (bem estimulantes, é certo) da new wave de finais de 70 e suas imediatas descendências em inícios dos oitentas que, em meados da década dos zeros colocaram no mapa pop/rock nomes como os Franz Ferdinand, Every Move A Picture, White Rose Movement, Editors, She Wants Revenge, The Bravery... Por aí adiante, muitos deles tendo tropeçado valentemente ao segundo álbum, isto sem falar na multidão de mais do mesmo em discos menores que se seguiu... Foi bom por um momento, colocando em cena um rock animado de vitaminas dançáveis, recuperando igualmente memórias dos nomes na raiz da sua identidade, dos XTC aos Wire, dos New Order aos Ultravox, dos The Cure a todos os demais nomes de uma legião então assombrada por uma vida urbana sem muita cor. Mas já passou... Os que tinham pernas para andar foram descobrindo outros caminhos, a maioria acabando todavia num modo “em repeat” que, com o tempo, acabou absolutamente inconsequente. É não há melhor palavra para descrever o monumento (bem produzido, bem gravado, mas algo estéril em novas ideias) que se apresenta no segundo álbum dos britânicos White Lies. Ritual é um disco que parece não querer largar as mesmas referências que já deram momentos felizes a bandas cuja música hoje já não entusiasma. Num mesmo comprimento de onda de uns Editors ou She Wants Revenge, voltando a insistir numa mesma tecla que há uns cinco anos já ameaçava esgotamento de soluções, os White Lies propõem um disco que não gera senão um encolher de ombros. Será preciso inventar o "futuro" a cada novo disco? É claro que não... Mas ao ao menos haja canções que justifiquem que se lhe dê atenção... Is Love teria sido hino catalisador de entusiasmo em noites indie e palcos de festivais há uns cinco anos, mas hoje parece tão igual aos “clássicos” que nesses dias outras bandas já inscreveram na memória da década dos zeros. The Power and The Glory, por seu lado, revela qualidades cénicas (na linha épica de uns Ultravox), bem mais estimulantes mas é uma excepção, não a regra. Ou seja, nem só não há grandes canções como o som de agora não passa decididamente por estes lados...