quarta-feira, janeiro 26, 2011

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Wanda Jackson, The Party Ain't Over


Wanda Jackson
“The Pary Ain’t Over”

Nonesuch / Warner

3 / 5


Nada como os grandes admiradores com visibilidade mediática para devolver merecidas atenções a quem a deixou de ter. E ao longo da história da música popular são já muitos os exemplos de vozes que, muitas vezes já diluídas entre ecos de memórias antigas, conheceram em figuras de gerações mais novas os veículos de entusiasmo (frequentemente materializados em colaborações) que lhes permitiram assinar regressos bem sucedidos (umas vezes em episódios únicos, noutras ocasiões retomando mesmo um ritmo de trabalho mais intenso). Foi assim que em finais dos oitentas os Pet Shop Boys devolveram atenções a Dusty Springfield, pouco depois, os KLF a Tammy Wynette e, em inícios dos noventas, Kurt Cobain com as Raincoats... Ou, mais recentemente, os Animal Collective com Vashti Bunyan ou Morrissey (e outros mais) com Nancy Sinatra... E agora eis que se assinala, sob a mão de Jack White (dos White Stripes), a reentrada em cena de Wanda Jackson, a “primeira dama” do rockabilly uma das mais bem sucedidas pioneiras do rock’n’roll, com importante obra registada nos anos 50 e 60. Apesar de não conhecer notoriedade maior desde finais dos setentas (mantendo-se activa sobretudo na estrada), Wanda Jackson há muito não era alvo de tantas atenções. Na companhia de Jack White (que além de produzir o disco colabora com a sua guitarra), Wanda Jacskon apresenta aos 73 anos, em The Party Ain’t Over, um manifesto de vitalidade com sabor a toda uma vida de experiências assimiladas. Pelo disco correm canções que vão do clássico calypso Rum and Coca Cola (que as Andrews Sisters já cantavam nos anos 40) a recentes canções de Bob Dylan e Amy Winehouse, com cereja sobre o bolo no minimalista Blue Yodel #6, no qual a voz da cantora não conta senão com a companhia da guitarra de White. Longe de ser um espaço de reinvenção para a cantora (como o foi o recente disco de Nancy Sintara com Morrissey, Jarvis Cocker ou Thurston Moore, entre outros), The Party Ain’t Over devolve antes a sua voz, sem recurso a cosméticos, a músicas que são ora herdeiras directas dos seus dias de glória ora espaços onde reencontra linhas que, afinal, ajudou a definir na história do rock’n’roll. Tudo isto perante a boa ajuda, em estúdio, de elementos dos Raconteurs, My Morning Jacket ou Karen Elson.