terça-feira, janeiro 25, 2011
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Automelodi, Automelodi
Automelodi
“Automelodi”
Weird Records
3 / 5
Quando, em meados da década dos zeros, o Canadá entrou pelos ouvidos do mundo inteiro (os seguidores dos acontecimentos na esferas “alternativas”, entenda-se), as visões que então ganharam forma revelavam essencialmente ideias nos comprimentos de onda indie, colocando em cena uma multidão de novas bandas e artistas com as guitarras (ou as cordas) como aliados preferenciais, que assim alargavam o conhecimento do talento acima do paralelo 49 para lá das regiões demarcadas de grandes cantautores (de Leonard Cohen a Rufus Wainwright, de kd Lang a Joni Mitchell, entre outros mais). Da memória dos oitentas chegavam contudo histórias de um Canadá feito de pop electrónica, com os Men Without Hats como expressão mais bem sucedida de uma geração que, contemporânea de semelhantes experiências deste lado do Atlântico, também por ali inventava um novo presente com sabor a futuro. A pop electrónica certamente nunca deixou de existir por aqueles terrenos (a nós cabendo a falta de atenção para a ir descobrindo). Cabe assim aos Automelodi o papel de, pelo menos, chamar atenções para um espaço que vale a pena conhecer na música canadiana do nosso tempo. O grupo na verdade não é senão o espaço de afirmação criativa de Xavier Paradis (que tem já uma carreira que remonta a finais dos anos 90), ao qual se juntam músicos em função das necessidades. Depois de um primeiro EP de apresentação, Automelodi (editado ainda em 2010) é um disco que serve o apetite dos seguidores dos caminhos de uma pop electrónica com raízes apontadas a referências dos oitentas, estabelecendo frequentes pontes com o um presente com cenário nocturno (como o fazem por exemplo uns Autokratz ou Yelle), tendo em Schema Corporel o melhor exemplo deste tipo de diálogo, onde um sentido de modernidade brota de cenário que pisca olho a texturas que evocam a cold wave. O alinhamento traduz ecos de memórias onde se sentem ecos de uns Blancmange, OMD ou Depeche Mode de primeira geração, ocasionalmente visitando o departamento Joy Division/New Order (Rose A.D.), num outro instante a genética kraftwerkiana (Stylo-Bille), e com outro momento maior ao som de Rayons de Rien, onde se cruzam memórias da melhor pop electrónica francesa dos oitentas, via Indochine ou Etienne Daho (de primeira fase). Tal como há uns dois anos nos mostravam os IGO (de Xangai, na China), a pop electrónica pode trazer boas surpresas fora das geografias onde habitualmente a esperamos.