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O período de convulsões globais que corresponde à II Guerra Mundial não calou a música, que teimou em nascer pelo mundo fora, até mesmo em cenários próximos das frentes de batalha. Sem a mediatização que então acolheu a estreia da
Sinfonia Nº 7 – Leninegrado, de Shostakovich, a
Sinfonia Nº 1 de Weinberg é outro importante exemplo de uma ideia de resistência a Leste.
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Em fuga de Varsóvia perante a invasão alemã em 1939, Mieczyslaw Winberg (1919-1996) encontrou primeiro refúgio perto da fronteira da Bielorússia. Mas perante o avanço das tropas invasoras viu-se obrigado a fugir para Tashquent, no Uzebequistão, onde então foram reunidos outros intelectuais e artistas soviéticos, como recorda o texto que acompanha esta edição. Impressionado pela descoberta da
Sinfonia Nº 5 de Shostakovich e pela música de Taneyev, foi nesse refúgio a Leste da frente de batalha que Weinberg compôs a sua primeira sinfonia, que, estreada em 1942 (em plena guerra) então dedicou ao Exército Vermelho. Plena de contrastes, mas sobretudo arrebatadora nas passagens mais melancólicas, a
Sinfonia Nº 1 de Weinberg é a peça de abertura deste disco recentemente editado pela Chandos no qual se junta a mais tardia
Sinfonia Nº 7, que data de 1964. Criada num contexto completamente diferente, esta outra sinfonia é dedicada ao fundador da Orquestra de Câmara de Moscovo, Rudolf Barshai e é destinada a ser interpretada por um cravista e uma orquestra de cordas. Este disco agora editado apresenta ambas as obras em interpretações da Orquestra Sinfónica de Gotenburgo, sob direcção de Christer Thorvaldsson, contando com o cravista Erik Risberg como solista na
Sinfonia Nº 7.