sábado, janeiro 15, 2011

Mais que o intelecto, as emoções


Vladimir Horowitz (1903-1989), um dos maiores pianistas do século XX, vê a sua discografia tardia, registada e editada pela Deutsche Grammophon, reunida numa caixa de sete discos. Inevitavelmente o seu inconfundível papillon como imagem na capa da caixa.

Foi o próprio Vladimir Horowitz quem disse que, quando se sentava ao piano, nunca sabia como iria tocar a peça que estaria pela sua frente. “Toco-a como a sinto no momento”, revelou, adiantando que “a cabeça, o intelecto, é apenas o factor de controle no fazer da música. Não é o guia. O guia são os sentimentos”, concluiu. A frase, que podemos ler na contracapa da caixa Complete Works on Deutsche Grammophon, traduz de facto a alma dos (re)encontros que aqui nos surgem em disco. A caixa recorda um tempo intenso na vida do pianista, que nesses dias (estamos em meados dos oitentas) regressou pela primeira vez à sua Rússia natal (após 60 anos de ausência) e protagonizou digressões por grandes cidades europeias onde há muito também não actuava. São sete CD que incluem, entre outros, títulos marcantes como The Last Romantic, Horowitz In Moscow, Horowitz at Home ou o mais recente Horowitz In Hamburg – The Last Concert (registo da sua derradeira actuação, em Junho de 1987, levada a disco pela primeira vez no catálogo da DG em 2008). Por estes sete discos surge uma sucessão de interpretações de obras para piano de compositores como Mozart, Liszt, Schumann, Schubert, Chopin, Scarlatti, Rachmaninov, Scriabin ou Bach. Já em Horowitz Plays Mozart encontramo-lo, acompanhado pela Orquestra do Teatro Alla Scala, dirigida por Carlo Maria Giulini, interpretando o Concerto para piano Nº 23, naturalmente de Mozart (como o título do disco deixa claro).