quinta-feira, dezembro 16, 2010
Novas edições:
Neon Indian,
Mind Control: Psychic Chasms Possessed
Neon Indian
“Mind Control: Psychic Chasms Possessed”
Static Tongues
4 / 5
Editado há cerca de um ano, Psychic Chasms apresentava no colectivo Neon Indian uma interessante força entregue à recuperação de modelos de alguma da menos unânime pop electrónica (e periferias do disco) dos oitentas rumo a um patamar de diálogo com uma atitude indie já apontada aos anos dez... Um ano depois o mesmo álbum (que merecia mais atenção que a que originalmente lhe foi concedida) regressa numa versão expandida juntando um single entretanto editado e uma série de remisturas assinadas por nomes que vão dos Yacht a Toro Y Moi, repensando sob novas visões sete dos temas do álbum de 2009. Sleep Paralyst, uma das novidades da nova edição, é uma canção nascida de uma parceria com Chris Taylor (dos Grizzly Bear) e aprofunda caminhos de exploração de domínios pop que se esboçavam já em alguns momentos de Psychic Chasms. A pop é também o destino luminoso da doce Body Language Remix de Should Have Taken Acid With You. Todavia, e apesar do pontual valor acrescentado de algumas das remisturas, é na colecção de 12 temas que fazem o alinhamento original de Psychic Chasms (e que aqui abrem o disco em sequência idêntica à da edição original) que continuam a fazer sentido os mais firmes aplausos à música que Alan Palomo tem vindo a dar-nos através dos Neon Indian. Recuperando o italo disco (citando mesmo samples de uns La Bionda) e evocando algumas ideias de registos para teclados e percussão que lembram climas em voga em inícios dos oitentas, entre a pop e as pistas de dança de então, Neon Indian não promove todavia uma ideia de viagem feita de nostalgias e ponto final. Opera antes, e um pouco como o fez Lindstrom relativamente ao hi-nrg (via Patrick Cowley e contemporâneos), um reencontro com pistas esquecidas, devolvendo-as a um tempo onde, se expressam agora em diálogo com novas formas e tecnologias, imaginando um clima de curioso confronto entre o desencanto indie do presente e o hedonismo garrido das memórias citadas. A memória serve assim para inventar um presente. E não apenas para exercícios de entediante mimetismo de escusado “o que foi volta a ser”.