terça-feira, dezembro 14, 2010
Novas edições:
Yann Tiersen, Dust Lane
Yann Tiersen
“Dust Lane”
Mute / Compact Records
2 / 5
É muitas vezes descrito como o compositor das bandas sonoras de O Fabuloso Destino de Amelie Poulain ou Adeus Lenine... Mas na verdade o melhor da obra do francês (uma das grandes revelações de finais dos noventas) chegou em discos editados em nome próprio como Le Phare (mais contemplativo e quase essencialmente instrumental) ou L’Absente (onde contracenava com as vozes convidadas de Lisa Germano e Neil Hannon). A relação progressiva com os palcos foi reaproximando a música de Yann Tiersen de uma relação antiga com as formas pop/rock que entretanto havia secundarizado nos seus primeiros discos em nome próprio. E agora, ao assinalar com Dust Lane a sua estreia pelo catálogo da Mute apresenta-nos o mais eléctrico de todos os seus discos. Dust Lane não é exactamente uma colecção de canções como tantas que recorrentemente escutamos em álbuns rock’n’roll. De resto, fique claro que, apesar de um maior protagonismo das guitarras, estas estão integradas num contexto maior e são sobretudo fonte de som que contribui para as muralhas de som que servem de sujo cenário a grande parte das composições. Estamos decididamente longe dos ecos das paisagens da Bretanha que desenhavam Le Phare ou das marcas de identidade parisiense que ecoaram, sobretudo através do acordeão, noutros dos seus discos. Dust Lane é um álbum de canções de alma épica, amigas da intensidade e distorção, as formas pouco nítidas criando uma sucessão de acontecimentos que por vezes lembram memórias progressivas. Há uma noção de continuidade entre faixas que aproxima Dust Lane do que conhecemos da lógica das bandas sonoras. Pena que as ideias de composição sejam depois menos cativantes que o estudo das formas que lhes servem de moldura, transformando o alinhamento de Dust Lane numa experiência algo monótona e cansativa.