quinta-feira, dezembro 02, 2010
Memórias escondidas
Acaba de chegar ao DVD, em Portugal, a edição de O Escritor Fantasma, de Roman Polanski. Edição com bons extras, entre os quais um ‘making of’ que inclui uma interessante entrevista com Robert Harris e uma conversa com Polanski.
Baseado num romance de Robert Harris (o mesmo autor de Pátria ou Pompeia), e cruzando cenários em que se parecem sugerir alusões a figuras do nosso tempo, havendo quem na figura de Adam Lang tenha entendido uma presença fantasma de Tony Blair, O Escritor Fantasma teve génese atribulada, mas com final feliz. Lang (interpretado por Pierce Brosnan) é um ex-primeiro-minstro britânico a viver nos EUA numa casa que só não parece um bunker de design moderno porque metade das paredes são feitas de vidro. Entra em cena um “escritor fantasma” inglês (Ewan McGregor) a quem é entregue a conclusão da escrita das memórias de Lang. O seu antecessor morrera algo inesperadamente, da curiosidade do novo escritor em saber, afinal, onde se estava a meter nascendo uma sucessão de linhas soltas e possíveis revelações que parecem, somadas, implicar possíveis ligações entre o ex-primeiro-ministro (entretanto a braços com um caso nos media que o responsabiliza por crimes de guerra) e os serviços secretos americanos. Bem escrito, bem realizado e sobriamente interpretado, O Escritor Fantasma é um perfeito filme político para o nosso tempo.