terça-feira, novembro 02, 2010

Novas edições:
No Age, Everything In Between


No Age
“Everything In Between”
Sub Pop / Popstock
3 / 5

Os No Age chamaram justificadas atenções quando, há dois anos, fizeram de Nouns um dos melhores exemplos de reflexão sobre a identidade da canção indie rock a partir de elementos que tinham o noise e um pragmatismo lo-fi na linha da frente das ideias em jogo. O disco chamava ainda atenções para espaços da cultura underground Los Angeles, abrindo assim eventuais espaços de diálogo entre formas de expressão ligadas ao mundo da arte e as dinâmicas da cultura popular. Dois anos depois, Everything In Between assinala novo episódio numa história que se continua a contar num caminho não muito distante, mas com algumas notas visíveis numa mais firme moldagem das ideias. Texturas densas, que uma produção ainda ciente das suas qualidades lo-fi decidiu não polir, servem ora canções que assimilam as vitaminas de um mais claro melodismo ou instrumentais onde, como escutamos em Dusted, vincam o efeito hipnótico que a repetição coloca em cena. Mais estruturado, embora sem abdicar de princípios linguísticos estruturais, é um disco mais acessível (todavia menos surpreendente) que Nouns. Temas como Common Heat ou Katerpillar, que seguem mais de perto paradigmas do indie rock americano dos noventas, esbatem inclusivamente alguma da visceralidade que fizera de Nouns uma experiência mais intensa. Por outro lado, o mais inquieto, anguloso e assombrado Skinned ou o já citado Dusted deixam claro que há por aqui ainda espaço para a afirmação de uma ideia de moldagem de ruídos que, na verdade, representa o mais interessante território na música dos No Age. Talvez, a “virtude” esteja no meio. Ou seja, em zonas onde estas duas faces entram em mais profundo diálogo, como se escuta em Life Prowler, Fever Dreaming ou Glitter, três dos melhores instantes do alinhamento…