terça-feira, novembro 30, 2010
Novas edições:
Brian Wilson, Brian Wilson Reimagines Gershwin
Brian Wilson
“Brian Wilson Reimagines Gershwin”
Walt Disney Records / EMI Music
2 / 5
Ao olhar para a capa do disco nela vemos inscritos dois nomes maiores da história do século XX: George Gershwin e Brian Wilson, o primeiro sendo reconhecido pelo segundo como (explica o booklet) tendo sido o autor da sua mais antiga memória musical. Mas na hora de somar um mais um, o resultado está longe de ser o que, potencialmente, se poderia esperar… Este é um álbum de versões, no qual vemos Brian Wilson a, como o título sugere, reimaginar a música de Gershwin através da sua linguagem… Em teoria a ideia poderia colocar na mesa um desafio, mas na prática o que escutamos não se afasta muito de um aplicar de uma espécie de filtro que transforma Gershwin em peças de pop solarenga, de alma sinfónica e com harmonias vocais (e até parece que estamos a descrever os Beach Boys de meados de 60…). Ocasionalmente o encontro traduz-se em instantes curiosos, como quando I Got Rhythm respira uma pulsão doo wop. Já It ain’t Necessairly So, um pouco como a restante etapa Porgy & Bess do álbum, é de magra visão (e basta recordar a versão que os Bronski Beat criaram em 1984 para sentir como, de facto, é possível reamiginar esta canção num outro contexto pop). Há duas novidades maiores no alinhamento, correspondendo à cedência (por parte dos herdeiros de Gershwin) de dois fragmentos deixados inacabados pelo compositor aos quais, agora, Brian Wilson deu forma final. São eles The Like In I Love You e Nothing But Love You, o primeiro uma balada longe de surpreendente, o segundo em regime pop à la Beach Boys, em ambos os casos o transformador ofuscando aqui o transformado… Algo decepcionante, este é um disco de versões que, se por um lado mostra como quem as assina deve chamar a sua personalidade às canções, por outro peca apenas por não sair muito do que parece ser um terreno seguro em volta das mais recorrentes e conhecidas marcas de si mesmo, ficando aquém do que de potencialmente interessante haveria a explorar em mais profundos diálogos com as heranças clássicas e jazzísticas da música de Gershwin.