Senhora de discreto charme e subtil talento, a actriz americana Jill Clayburgh faleceu no dia 5 de Novembro, contava 66 anos.
A sua carreira é indissociável de um período de grandes convulsões sociais & artísticas em que, em particular na ficção cinematográfica, acontece toda uma multifacetada transfiguração das personagens femininas. Os Complexos de Portnoy (1972), de Ernest Lehman, baseado em Philip Roth, insere-a, desde logo, num universo temático de desafio a modelos dramáticos, morais e sexuais do período clássico. Em todo o caso, Uma Mulher Só/An Unmarried Woman (1978), de Paul Mazursky, é o filme que ficou como emblema de toda a sua carreira: valeu-lhe a primeira de duas nomeações, em anos consecutivos, para o Oscar de melhor actriz (a segunda com Amar de Novo, de Alan J. Pakula). Por essa altura também protagoniza La Luna (1979), de Bernardo Bertolucci, afinal um conto moral sobre a decomposição dos valores tradicionais da maternidade. Nunca deixou de trabalhar, nomeadamente em televisão, mas sem encontrar projectos tão singulares e inventivos. Já em 2010, participou em Love and Other Drugs, de Edward Zwick, com Jake Gyllenhaal e Anne Hathaway, ainda inédito entre nós.