sexta-feira, outubro 22, 2010
Reedições:
David Bowie, Station To Station
David Bowie
“Station To Station”
EMI / EMI Music Portugal
5 / 5
Editado em 1976 Station To Station foi importante momento de transição na obra de David Bowie, estabelecendo um caminho entre os espaços escutados na música negra norte-americana explorados em 1975 em Young Americans e uma nova identidade “europeia” que conheceria expressão maior na trilogia Low / Heroes / Lodger que se lhe seguiria entre 1977 e 79. O facto de representar uma etapa de transição não nos impede contudo de ali reconhecermos um dos melhores dos discos de Bowie. O álbum surgiu num tempo de assombrado quotidiano para o seu autor, a saída acabando encontdada pouco depois nas páginas das Berlin Stories de Isherwood e com importante nova etapa de vida encetada pouco depois na cidade que inspirara essas histórias de outros dias. Ao mesmo tempo que ia criando estas novas canções aceitou, durante 12 semanas, o exigente papel protagonista em The Man Who Fell To Earth, de Nicholas Roeg (uma foto tirada nos cenários do filme acabaria por dar capa a Station To Station)… E data ainda deste período a famosa entrevista ao Sunday Times na qual anuncia um divórcio do rock… Na verdade, naquele tempo um dos discos que o mais inspira é Autobahn, dos Kraftwerk. E pouco depois, já em preparação da digressão a que chamaria Isolar, toma Discreet Music, de Brian Eno, como um dos seus novos pólos de referência (de resto nascerá de um encontro entre os dois músicos, no concerto final da série em Wembley em Maio de 1976, um entendimento em torno de uma conversa sobre Discreet Music o ponto de partida para uma colaboração que começaria a ganhar forma pouco depois, em Low). Editado alguns meses antes do álbum estar concluído, Golden Years dava primeiras pistas para um novo som pop luminoso e dançável (e ciente das novas dinâmicas rítmicas lançadas pelo disco). Sation To Station completaria o quadro de novas visões, abrindo novos caminhos, da exploração textural e cenográfica do tema título à emotiva leitura de Wild Is the Wind, um tema interpretado originalmente por Johnny Mathis que, entretanto, Nina Simone tinha também já gravado. Quase 35 anos depois, o álbum regressa numa reedição com som remasterizado e que, na versão standard surge acompanhado por um CD duplo que nos apresenta a gravação de um histórico concerto da Isolar Tour, nos EUA, em 1976. Junta-se ainda um texto de Cameron Crowe, que chegou a visitar Bowie em estúdio quando o álbum estava a ser gravado. Perfeito.