quarta-feira, outubro 06, 2010

Novas edições:
Röyksopp, Senior


Röyksopp
“Senior”
Wall Of Sound
3 / 5

Editado pouco mais de um ano depois de Junior, o novo álbum dos noruegueses Röyksopp é, na verdade, mais a outra face desse disco de 2009 que, propriamente, um novo álbum de originais. Senior foi, de facto, gravado ao mesmo tempo que Junior, os dois dividindo entre si composições que acabaram arrumadas pela sua respectiva personalidade: as mais festivas, pop e dançáveis em Junior, as mais introspectivas e assombradas agora reunidas em Senior. Convenhamos que a divisão de ideias em discos diferentes acabou por ser uma boa política, cada um dos álbuns afirmando assim uma atitude distinta de uma mesma personalidade criativa. Senior é, está visto, o oposto de Junior. É o primeiro álbum instrumental que a dupla norueguesa apresenta, dispensando a galeria de vozes convidadas que, desde o ínício da sua discografia (e já lá vão nove anos desde Melody A.M.) eram colaboração essencial junto de quem reconhecia saber compor e produzir música, com a consciência que a arte do canto não morava ali em casa… Senior é uma colecção de instrumentais onde, apesar de ocasional puslão rítmica mais insistente, a ordem para dançar não surge na linha da frente das intenções. O disco revela antes uma curiosidade maior pela exploração de sons (e de formas) que evocam alguns dos nomes de referência da música electrónica instrumental dos anos 70, nomeadamente passando pelos Tangerine Dream, Vangelis e, sobretudo, os Kraftwerk (etapa Autobahn e arredores). Ao contrário das longas dissertações que, na época, chegavam a materializar-se em composições que ocupavam toda a face de um LP, os Röyksopp assimilam então os ecos dessas referências e moldam os sons a ideias que, no fundo, se aproximam mais da extensão da canção pop. Não será um daqueles álbuns para ajudar a escrever a história das electrónicas do nosso tempo, mas como manifestação de interesse pelas raizes mais remotas da história das electrónicas ao serviço da música popular, é um interessante diálogo entre o presente e as heranças que, no fundo, fizeram desta música o que ela hoje é.