quinta-feira, outubro 28, 2010
Novas edições:
David Sylvian, Sleepwalkers
David Sylvian
“Sleepwalkers”
Samadhi Sound
5 / 5
Desde cedo David Sylvian mostrou que reconhece nos trabalhos em colaboração com outros músicos um espaço importante para o alargar de horizontes da sua música. Ainda os Japan estavam juntos e já tinha editado Bamboo Houses/Bamboo Music, um single a solo em colaboração com Ryuichi Sakamoto. Nos anos que se seguiram à separação dos Japan vimo-lo em encontros com nomes como Holger Czukay, Virginia Astley, Robert Fripp, John Hassell ou até mesmo o ex-Japan Mick Karn… Bons hábitos são para manter, e nos noventas e na dácada dos zeros David Sylvian foi somando novas experiências de colaboração. De resto,nos noventas, ouvimo-lo mais em parcerias que em gravações a solo… Sleepwakers é o retrato mais recente desta história feita de experiências com outros músicos. Em concreto, é uma antologia que junta, num alinhamento comum, uma série de composições que, ao longo da década dos zeros, David Sylvian assinou com parceiros musicais, seja em discos seus (onde foi ele quem fez os convites), seja em títulos onde surgiu, por sua vez, como convidado. Apesar de contemporâneos de álbuns como os mais recentes Blemish (2003) e Manafon (2009), os temas aqui reunidos juntam a esses outros caminhos, revelando em alguns casos uma relação mais próxima com a estrutura mais “clássica” da canção (como se sente em World Citizen, na companhia de Sakamoto, em Wonderful World, com Stina Nordenstam, ou em Ballad Of A Dead Man, em conjunto com Joan Wasser e Steve Jansen). Estão aqui representações da banda que entretanto Sylvian criou com Steve Jansen e Burnt Friedman (os Nine Horses), um dos dois singles que gravou com o projecto Tweaker (de Chris Vreena, dos Nine Inch Nails) e belíssimos resultados de encontros com nomes como Martin Brandlmayr, no tema que dá título à compilação, ou Christian Fennez, no belíssimo Transit (um dos melhores momentos do alinhamento)… E, a fechar, um espantoso instrumental a solo, na verdade um outtake das sessões de Blemish. Uns temas levantam ideias, outros sublinham experiências anteriores. Mas por todos correm fortes marcas de personalidade que, mesmo perante outros, David Sylvian acaba inevitavelmnente por registar na música que faz. Magnífico!
PS. Da multidão de colaborações que assinou na década dos zeros muito ficou ainda de fora. Zero Landmine (com Sakamoto e outros mais), Linoleum (com o projecto Tweaker), Before and Afterlife com Arve Henriksen, The Librarian, com Burnt Friedman e Jaki Liebezeit ou a remistura de Late Night Shopping, por Fennez, são apenas agumas das pérolas que justificariam um volume 2… Será que a ideia pega?