terça-feira, outubro 26, 2010
Novas edições:
Bryan Ferry, Olympia
Bryan Ferry
“Olympia”
Virgin / EMI Music
2 / 5
Muito se falou nos últimos anos sobre a eventualidade de um reencontro em estúdio dos Roxy Music. Na verdade, e acompanhado por Phil Manzanera e Andy McKay, Bryan Ferry tem reactivado o grupo em várias ocasiões desde o ano 2001. Mas, discograficamente, apenas dali resultou um registo ao vivo, o regresso a edúdio não se concretizando afinal, confirmando Bryan Ferry que as muitos noticiadas sessões em estúdio com Brian Eno (que integrara a formação original dos Roxy Music, em inícios dos anos 70) não se traduziria num novo álbum do grupo, mas sim num novo disco a solo. Ei-lo. Tem por título Olympia e junta de facto Brian Eno, Phil Manzanera e Andy McKay. Tocam todos em várias faixas, mas juntos estão apenas numa onde propõem uma versão inconsequentemente sofisticada de Song To The Siren, de Tim Buckley… Mas há mais figuras de renome por aqui. Jake Shears e Babydaddy (dos Scissor Sisters) compuseram Heartache By Numbers. Flea (dos Red Hot Chili Peppers) toca em vários temas. David Guilmour marca presença em duas canções, o baterista Steve Ferrone numa outra. Contudo, e apesar do elenco galáctico, Olympia é talvez o menos interessante de todos os discos da obra a solo de Bryan Ferry. Seguindo um modelo de pop elegante que atingiu, ainda com os Roxy Music, em Flesh + Blood e Avalon, e que depois manteve como destino em álbuns posteriores a solo como Boys & Girls (1985), Bête Noire (1987) ou Mamouna (1994), Olympia mostra um Bryan Ferry em piloto-automático em canções sem brilho, todavia sob moldura chique e produção bem polida. A dose de maquilhagem que se aplica aqui a Song To The Siren, numa versão nos antípodas da sensualidade crua que recordamos na belíssima leitura de 1984 dos This Mortal Coil, é um entre os vários exemplos de uma lógica à la hotel de cinco estrelas que domina o alinhamento. Coisa cara e muito chique. E pouco mais. E, convenhamos que nos últimos anos, o melhor de Ferry chegou quando, ou no disco de versões de outros tempos As Time Goes By (1999) ou em Frantic (2002), se afastou desta sua ideia de pop bem vestida e penteada.