Madness
“Keep Moving”
Salvo Records
3 / 5
Revelados em finais de 70 em pleno ska revival, os Madness viveram ao longo da primeira metade dos oitentas uma etapa de grande visibilidade pop que os viu a afastar-se progressivamente dos ecos da cultura jamaicana que os inspirara nos primeiros tempos, a sua música definindo aos poucos uma ideia de pop para pub e farra que lhes valeu uma mão cheia de singles de sucesso e deles fez nome de peso na história pop da década. Contudo, à excepção do seu álbum de estreia, One Step Beyond (de 1979), mostraram sempre mais capacidade para chamar atenções com os seus singles (e respectivos telediscos com situações na mais literal interpretação do nome da banda) que na hora de editar álbuns. Os sucessores imediatos da estreia, Absolutley (1980) e 7 (1981), pouco de facto acrescentam aos singles que carregam e The Rise & Fall (1982) não fugiu à regra. Sinais de mudança chegaram contudo em Keep Moving, disco de 1984 que, mesmo seguindo em alguns instantes as linguagens e soluções que haviam povoado os três títulos anteriores, consegue mostrar algumas novas opções e, acima de tudo, uma sobriedade que antes parecia não ser compatível com a agenda de farra e humor que era imagem de marca do grupo. Michael Caine (uma das melhores canções de toda a discografia dos Madness), que conta com um cameo do próprio actor, foi cartão de visita para um disco onde o grupo parecia procurar um passo seguinte que, na verdade, acabou por nunca tomar com mais determinação ou profundidade. Keep On Moving é, mesmo assim, mais que uma mera colecção de canções para entre elas arrumar os singles. De resto, tanto o luminoso e caribenho Wings Of A Dove nem The Sun and the Rain, que precederam o disco, foram incluídos no seu alinhamento original. A presente reedição junta-os contundo a um CD de extras entre os quais não faltam depois mais lados B e remisturas… Não é uma pérola maior da pop dos oitentas, mas Keep On Moving é retrato de uma etapa diferente, e interessante, na obra dos Madness.