Verão Azul
“Verão Azul”
Amor Fúria
4 / 5
Depois de lançadas, entre os últimos anos, as fundações de uma nova ideia “pope roque” portuguesa, começam agora a entrar em cena músicos e bandas certamente estimulados por esta nova maneira de estar na música que se faz por estes lados. E a dupla Verão Azul é assim mais um nome a anotar no mapa. São de Lisboa, a geografia sugerida no seu MySpace apontando inclusivamente a Praça das Flores como o “x” na planta da cidade. A dupla, que junta Ana Pimenta e Pedro Almirante propõe neste EP de estreia uma mão cheia de temas onde a baixa fidelidade da abordagem ao som se alia a uma idela algo solarenga de música de verão fugindo contudo aos mais habituais modelos da saison, as vozes desencantadas que nos conduz pelas canções sublinhando esse contraste. O EP, que podemos escutar como cartão de visita para uma nova boa ideia, é constituído por apenas quatro canções, que aliam uma agilidade de construção por corte e colagem a estruturas pop relativamente simples. O Nosso Tempo, que abre o alinhamento, é a “pérola” maior que aqui se escuta. Toma por base uma mão cheia de notas celebrizadas pelo clássico My Conversation, de Slim Smith & The Uniques (que em tempos serviu igualmente de base ao magnífico Ludi, dos Dream Warriors) e é o perfeito primeiro contacto para uma banda que seria prontamente chumbada se concorresse a um daqueles concursos televisivos feitos de vácuo musical onde se avaliam as vozes e as interpretações sem entender que a expressão da individualidade de quem está em cena vale por vezes muito mais que um qualquer apontar de metas a imitações ou a modelos pré-fabricados. Longe desses protótipos do vazio pop (que convenhamos, passam muitas vezes desses concursos para os discos), este Verão Azul apresenta uma ideia. Que é sua. Que sabe a hoje. E a Verão. Bela estreia, sim senhor!