quarta-feira, julho 21, 2010
Novas edições:
Rox, Memoirs
Rox
“Memoirs”
Rough Trade / Popstock
3 / 5
Não têm faltado, nos últimos anos, novas vozes no departamento retro-soul e arredores. Mas convenhamos que, além de Amy Winehouse, nenhuma outra atingiu um patamar de referência entre as demais que ganharam visibilidade global depois do virar do milénio. Rox, ou seja, Roxanne Tataei não parece, pelo menos para já, destinada a desafiar esse estatuto, mas revela no seu álbum de estreia uma agradável sucessão de momentos em volta de heranças soul que, mesmo não procurando reinventar o mundo onde circula, ao menos não soa a mais um fantoche de uma qualquer ideia talhada a ver se a coisa pega outra vez… De ascendência jamaicana e iraniana, vem do Sul de Londres, passou pelo National Youth Music Theatre, colaborou em concertos de Mark Ronson (tomando o lugar de Amy Winehouse a cantar Valerie) e Daniel Merrywether, subiu a um palco dos Proms com Nitin Sawhney e em finais de 2009 começou a dar que falar em nome próprio ao editar No Going Back, o seu single de estreia. Meses depois, Memoirs confirma essas primeiras sugestões e propõe um alinhamento que junta outras peças de pop iluminadas a ecos da soul clássica de 60, ocasionalmente cedendo o espaço a baladas igualmente inspiradas por velhas memórias soul, abrindo depois breve fresta às suas raizes jamaicanas em Rocksteady. Memoris, fique claro, não é um álbum memorável. O alinhamento não procura nunca a ousadia e segue o seu caminho sem sobressaltos nem rasgos maiores, iluminando-se contudo ao som de pequenos rebuçados pop como o são o já citado No Going Back ou My Baby Left Me, outro dos singles já extraídos do álbum. E para um álbum de estreia, num terreno que procura viver entre referências seguras e já muitas vezes percorridas, um par de canções como este já é argumento a ter em conta.