segunda-feira, julho 12, 2010
Novas edições:
Laurie Anderson, Homeland
Laurie Anderson
“Homeland”
Nonesuch / Warner
5 / 5
É já antigo (e frutuoso, sublinhe-se) o relacionamento que a obra de Laurie Anderson tem com a América como ponto de partida para todo um conjunto de reflexões. E basta recordar o marcante United States Live (assim como os discos que desse espectáculo nasceram, entre os quais o single de 1981 O Superman ou o álbum de 1982 Big Science) para encontrar a presença desse relacionamento no centro de gravidade dos interesses narrativos, vivenciais e políticos de Laurie Anderson enquanto contadora de histórias e narradora de personagens e espaços através da música. Após quase uma década sem discos, Homeland assinala, além do reencontro com as prateleiras das novidades, um retatar desse velho relacionamento com tão estimulante matéria prima. A história de Homeland começou na estrada, há pouco mais de três anos, colocando em cena um ciclo de canções e histórias contadas que, concerto após concerto, iam ganhando corpo, sofrendo mutações, desenvolvendo ideias. Terminada a digressão, e com uma verdadeira multidão de ficheiros áudio entre mãos, Laurie Anderson procurou para cada canção uma uma forma final. Contando com nomes como os de Antony Hegarty, Lou Reed, John Zorn ou Kieran Hebden ou a presença de vozes de Tuva, Homeland reúne assim narrativas e reflexões com a América (a que faz as notícias ou a que anonimamente vive o quotidiano) como ponto de partida. A voz (seja no seu registo natural ou manipulada, dando corpo ao alter-ego Fenway Bergamot que assim surge como um co-protagonista e, inclusivamente, dá corpo à imagem na capa do álbum) é protagonista, o violino, as electrónicas e demais instrumentos desenhando espaços e texturas. Nove anos depois de Life On A String, um magnífico reencontro com Laurie Anderson.
PS. Versão editada de uma crítica publicada na edição de 10 de Julho da revista NS.