Anna (Clara Augarde) está dividida entre as forças imediatas do corpo e a sensualidade espiritual da religião: Un Poison Violent, apresentado na secção 'Da curta à longa' (CURTAS 2010) é uma história sobre essa divisão e as suas inomeáveis razões. Mais do que um filme sobre a religião, trata-se de um drama que contorna, momento a momento, as vulgaridades correntes de representação dos adolescentes e da (sua) sexualidade. Primeira longa-metragem de Katell Quillévéré (cuja curta À Bras le Corps ganhou o prémio do público da edição de 2006), Un Poison Violent é um exercício subtil, e subtilmente contido, de procura de uma claridade moral cuja energia nasce, antes de tudo o mais, de uma disponibilidade total para lidar com a infinita fragmentação dos desejos, isto é, os excelsos enigmas do factor humano.