quarta-feira, junho 16, 2010
Novas edições:
Silver Columns, Yes and Dance
Silver Columns
“Yes and Dance”
Moshi Moshi
4 / 5
Chamam-se Silver Columns, e resultam da reunião de dois músicos ingleses com percursos até aqui feitos essencialmente em órbita de acontecimentos folktronic (e seus arredores)… São eles Johnny Lynch e Adem Ilhan e não, como a dada altura parece que chegou a correr, na mais clássica tradição do “rumor”… os Erasure. Na verdade Brow Beaten, o tema que suscitou primeiros sinais de interesse (e terá estado na base dessa eventual comparação), está mais próximo da memória da música de uns Bronski Beat (de primeira geração) caso fosse hoje reactivada com a ajuda dos Hercules & Love Affair. Porém, ao escutar agora o surpreendente alinhamento de Yes and Dance, acabamos por reconhecer que, apesar de algumas referências (nas formas melodistas e nos próprios registos dos sons) a marcas da pop electrónica dos oitentas, na verdade os Silver Columns expressam uma identidade claramente presente, conseguindo o alinhamento deste seu álbum ser, no seu todo, amplamente mais bem sucedido (e de longe mais interessante) que o irregular recente álbum dos Hot Chip. OK, não tem um I Feel Better, mas o todo vence aos pontos (e Way Out, a faixa que encerra o alinhamento é também irresistível)… Tal como os Hot Chip, os Silver Columns centram a sua atenção na canção, usando as electrónicas como ferramenta, a pista de dança não sendo todavia o seu único objectivo. Isto apesar de não faltarem aqui boas propostas para doses mais generosas de bpm (batidas por minuto, em linguagem “DJzês”) como, além do já referido Brow Beaten, se reconhece também ao som de Cavalier ou de Yes, and Dance, o tema-título. Caixas de ritmo vintage, o ocasional piscar de olho a Giorgio Moroder (em Heart Murmurs) ou ao hi-nrg (em Always On), bleeps e vocoders servem canções onde uma voz mais melancólica que garrida suaviza o festim de cor que o melodismo pop pudesse sugerir num primeiro contacto. Uma das grandes surpresas de 2010, sem dúvida, colocando em cena um dos melhores discos de pop electrónica dos últimos tempos.