segunda-feira, junho 28, 2010

Novas edições:
Scissor Sisters, Night Work


Scissor Sisters
“Night Work”
Polydor / Universal
4 / 5

Quatro anos depois de Ta-dah, os Scissor Sisters estão de regresso. E mostram, em Night Work, que a sua música (e portanto futura carreira) não vai viver fechada numa redoma feita de incessantes revisitações de mais do mesmo, mas antes está animada por um sentido de redescoberta e reinvenção que, sem evitar aquelas que são já as suas marcas de identidade, colocam agora pela frente uma entusiasmante mão cheia de novas canções. Night Work não teve parto simples. Na verdade, o grupo tinha já um álbum praticamente gravado quando, sentido que aquele não era o caminho, Jake Shears partiu de mala na mão para Berlim, aí acabando por encontrar um novo caminho. Convocou Stuart Price, que conhecia dos dias em que os Zoot Woman davam os primeiros passos, e apontou o foco da atenção ao que poderiam ser projecções no presente de ecos de memórias da vida nocturna que Nova Iorque chonhecera em finais dos anos 70 e inícios dos oitentas. Night Work é assim um álbum com alma nova-iorquina reencontrada na Berlim do presente. A essência do disco sound, que mora no código genético dos Scissor Sisters, aceita aqui novas revelações que levam a música rumo a outros horizontes. Mais electrónico, menos evocativo dos ecos festivos à la setentas (que haviam dominado a caracterização de grande parte dos hinos lançados no álbum de estreia), Night Work soma a visão pop dos Scissor Sisters aos métodos da dança que Stuart Price domina. Do poderoso tema-título (a pedir edição em single) que abre o alinhamento ao magnífico epílogo em Invisible Light, onde colabora a voz de Ian McKellan, Night Work é um seguro manifesto de uma banda que, ao terceiro álbum assim garante que não esgotou o baú das ideias. Temas como Something Like This, Running Out ou Skin This Cat mostram, de resto, que nunca antes o grupo alargou tanto os seus horizontes de possibilidades. Sejam bem regressados.