terça-feira, junho 15, 2010
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Pop Dell'Arte, Contra Mundum
Pop Dell’Arte
“Contra Mundum”
Presente
5 / 5
Era talvez o mais esperado, e há mais anos, dos discos por estas latitudes… Sex Symbol, o seu mais “recente” álbum de originais data de 1995. Pelo caminho houve um EP, mais à frente um best of… E falava-se sempre de um novo disco… A sua gravação nunca esteve longe dos horizontes da vontade do grupo, mas acabou por nunca se concretizar até que, esta semana, vê finalmente a luz do dia. E a primeira ideia que ocorre ao escutar do alinhamento de fio a pavio é que, apesar de longa, valeu a pena a espera. Contra Mundum, mesmo nascido sob uma nova formação da banda (onde se mantém os fundadores João Peste e José Pedro Moura), mantém intacta a genética que definiu o lançamento, em meados de 80, de uma das mais imaginativas e pessoais aventuras da história pop/rock deste lado da fronteira. E, acima de tudo, o disco traduz um reencontro com sólidas marcas de identidade. O irresistível My Rat Ta-Ta retoma o sentido luminoso de um Poppa Mundi. Noite de Chuva em Campo de Ourique evoca um gosto antigo pela relação da voz com o poema. Mas, ao mesmo tempo, há espaço para a experimentação de novas ideias e soluções, como o mostra, por exemplo, Ritual Transdisco (uma canção Pop Dell’Arte na idade DFA) revelando todavia uma capacidade de assimilação e adaptação a uma linguagem profundamente pessoal mas, no fundo, também aqui recuperando um espaço de relação antiga entre a música do grupo e os universos da dança que aflora igualmente em Eastern Streets. Se os ambientes e as referências que escutamos ao caminhar entre o alinhamento sugerem familiaridade, a verdadeira surpresa revela-se num magnífico corpo de canções. Com La Nostra Feroce Volontá d’Amore (com discreto epílogo ao som d’A Internacional) e o absolutamente espantoso Har Megido’s Lullaby a fechar, de forma perfeita, o alinhamento de um álbum que devolve ao panorama discográfico português um dos nomes maiores da nossa real história pop.