segunda-feira, junho 21, 2010
Novas edições:
Kele, The Boxer
Kele
“The Boxer”
Whichita / PopStock
3 / 5
Lançam-se discos a solo pelas mais variadas razões. As mais habituais reflectindo ora um tempo de pausa junto da banda/colectivo de onde se “sai” (definitiva ou temporariamente) ou a uma vontade em seguir outros caminhos. Kele Okereke, a voz dos Bloc Party, junta agora estes dois argumentos num mesmo disco, The Boxer, que edita apenas como Kele. É verdade que desde cedo entre os Bloc Party se escuta uma atenção particular para com as electrónicas e a música de dança, mas a banda não deixou nunca de vincar que vive num terreno onde as guitarras têm um protagonismo claro. Kele aproveita assim um tempo de pousio dos Bloc Party que se prolonga já desde 2009 (havendo quem levante a hipótese de não regressar ao grupo) para nos apresentar um álbum que, um pouco como o fez Thom Yorke na hora de se mostrar a solo, define uma rota pessoal distinta e demarcada, embora com pontos de afinidade. The Boxer é, contudo, um disco onde as ferramentas electrónicas e os contactos com formas ligadas à música de dança (do electro do 2-step) se afirmam como nunca numa gravação dos Bloc Party. Tenderoni, o irresistível single de avanço, foi promissor cartão de visita revelando um entendimento entre a forma da canção e as arquitecturas da música de dança que alinham num terreno com familiaridade àquele onde, por exemplo, os Hot Chip têm inscrito alguns dos melhores hinos de uma nova pop electrónica dançável nos últimos anos. Produzido por XXXchange (Spank Rock), o alinhamento de The Boxer (que só revela a presença clara de guitarras ao quarto tema) não repete o “momento” de Tenderoni, mas entre a demanda cenográfica de New Rules (que evoca os dias de Dazzle Ships dos OMD), os ecos cold wave de All The Things I Could Never Say ou o afloramento de heranças de Joy Division em Unholy Thoughts passam referências e ideias que revelam horizontes a aprofundar em eventuais futuros episódios…