Depois de dois discos com as duas primeiras sinfonias de Luís de Freitas Branco (1890-1955), o alinhamento deste terceiro volume destaca a Sinfonia Nº 3, estreada em Lisboa em 1944 sob a direcção do irmão do compositor, Pedro de Freitas Branco. No texto apresentado no booklet, o maestro Álvaro Cassuto descreve a estrutura dos quatro andamentos da sinfonia, apontando afinidades com Bruckner (primeiro) e Brahms (terceiro). Longe de secundária, apesar de encerrar o alinhamento do disco, a Suite Alentejana Nº 2 (de 1927) é, tal como a primeira, um interessante exemplo de procura de ideias musicais junto de tradições do folclore alentejano. Freitas Branco, que tinha uma casa no Alentejo (onde compôs muitas das suas obras) viu esta sua obra ser estreada no Porto em 1941, acompanhada com um texto que descrevia os seus primeiros compassos como “uma impressãpo majestosa da paisagem alentejana”. A luz, traços de ruralidade, um sentido de tempo e espaço (a imensidão da planície) e ecos das músicas locais sugerem um conjunto de olhares que sublinham as afinidades do compositor pela região. Ou seja, muito antes de criada a expressão world music, já a música sabia como cruzar as linguagens do seu tempo com os espaços (e as tradições populares) do mundo ao seu redor.