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2. O que é espantoso nesta possibilidade de destruição mediática de uma imagem é o modo como assim se exprime a hipocrisia televisiva dominante. A Carlos Queiroz é atribuído o título de "intocável" mas, por muito menos, alguns líderes do nosso país — Pedro Santana Lopes e José Sócrates — foram e continuam a ser visados por mil e uma suspeitas e insinuações apenas porque alguém disse que... Em Portugal, faz-se mesmo "informação" e "política" na base de um diz-que-disse que ignora qualquer consistência deontológica no tratamento da pessoa humana.
3. Subitamente, temos apenas um jogador de futebol que tem um desabafo, impulsivo e frontal, sobre o trabalho obviamente falhado de alguém que é apenas um treinador de futebol e... grita-se ao escândalo: "O menino Cristiano Ronaldo portou-se mal!" Esperemos que venha rapidamente a sugestão lógica: já que o seleccionador nacional desfruta das graças mediáticas que Santana Lopes e Sócrates não tiveram ou não têm, promova-se Carlos Queiroz a primeiro-ministro — mesmo que isso hipoteque as relações diplomáticas com a Coreia do Norte.