sexta-feira, junho 25, 2010

Em conversa: The Drums (3)


Continuamos a publicação de uma entrevista com Jason Pierce, vocalista dos The Drums, que serviu de base ao artigo ‘O som do Verão de 2010 passa por aqui’, publicada na edição de 5 de Junho do DN Gente.

Acham que a vossa música atingiu já características de identidade que vos distingam de outras bandas do presente?
Há quem o diga. Mas acho que a questão do género é um tanto secundária face ao que é a canção. O nosso som veio daquela nossa opção em passar a trabalhar com guitarras e de usar um microfone que custou 30 dólares. E fizemos um disco assim...

O que gostariam fazer com o poder que a música agora vos dá?
O que queremos é mesmo, e apenas, fazer canções. E depois poder ajudar outras bandas em que acreditamos a poder fazer o mesmo..

E como vão ajudar outras bandas? Convidando-as a tocar nos vossos concertos?
Sim, já o estamos a fazer. Os Surfer Blood são um caso. Apareceram-nos um dia a dizer que os tinhamos inspirado a fazer a banda. Têm estado a tocar connosco. Gostava de poder fazer isto com mais bandas...

Parece tudo um sonho... E no meio disto onde anda a realidade?
Nem tudo são rosas, eu sei. Temos tido muita sorte com o que tem acontecido com a banda, mas temos de ter também em conta o lado mais pessoal das coisas. De resto em miúdo tive uma vida bem menos risonha. A minha vida foi mais assim... De resto nada assim me tinha acontecido antes de formar a banda, passava a vida cheio de problemas...

E levaram algumas dessas memórias desses problemas para as canções…
Book of Stories fala disto. Mas a nossa música é mais alegre que por vezes aquilo de que as canções falam.

Sugerindo um pouco de luminosidade em tempo de crise...
Ao longo da história a grande arte, a grande música, sempre nasceram de grandes momentos difíceis e de luta. Os tempos difíceis estimulam a criatividade. Tem de se lutar pelo que se não tem. As coisas tendem a acontecer assim. E depois é també um pouco como aconteceu comigo quando descobri a música dos Smiths e reparei que havia alguém neste mundo que era tão infeliz como eu! E isso foi reconfortante. Era infeliz, mas não estava só. E espero conseguir o mesmo com a música que fazemos.