Há meses, precisamente no início do ano, eram apresentados como a banda “a” ouvir em 2010. Como foi viver estes meses que antecederam a edição do álbum sob esta expectativa?
Escrevemos canções. E não vivemos sob nenhuma expectativa em particular. Na verdade o álbum já estava em grande parte gravado antes de toda essa “expectativa” começar a ser falada. Por isso não sentimos a pressão de ter de responder a um hype e criar o álbum perfeito. Fizémos o disco que gostávamos de ter feito. E quanto a isso de ser a banda mais esperada do ano. Bem, para o ano haverá outra. Por isso, no fundo, o que devemos fazer é focar as atenções em tentar fazer as melhores canções possíveis. Porque, ao fim do dia, temos de acreditar no que estamos a fazer. Isto é, o que somos. E não pensamos em vendas de discos... O nosso desejo é mesmo o de fazer algo que seja real, belo e de que nos possamos orgulhar.
Jason e Jacob são amigos há longos anos. Os The Drums são como um sonho de infância feito realidade?
Conhecemo-nos quando tinhamos aí uns 12 anos e ficámos logo amigos. E por vezes as pessoas nem acreditam quando dizemos o que foi que reparámos então que tinhamos em comum... os Kraftwerk! Gostávamos também de John Foxx e desses discos... Éramos entusiastas de sintetizadores analógicos. O meu pai tinha-me dado um sequenciador .... Encontrámo-nos e nenhum de nós conseguia acreditar que havia outra pessoa com aqueles gostos que cada um de nós tinha! E cedo dissémos que um dia haveríamos de ter uma banda juntos... Os anos passaram, reencontrámo-nos e resolvemos fazer uma nova banda, a que chamámos The Drums. A escrever as canções que queríamos fazer e com novas influências... Mudei-me então de Nova Iorque para a Florida, instalei-me no apartamento do Jacob. E foi ali mesmo que gravámos as primeiras canções. Podíamos ter passado algum tempo a reflectir o que era ser cool, saber o que era a coisa mais à frente... Mas não quisémos ir atrás de qualquer coisa só porque era novidade. Ou apenas porque é velho... A grande questão para nós, quando decidimos o que íamos fazeer, foi ser fiéis a nós mesmos. As letras são mesmo elementares, sei que não estou a dizer nada demais... Mas sei que estou a ser honesto comigo mesmo.
Quando se dá esse reencontro não regressam contudo ao som que inicialmente vos uniu. Ou seja, os sintetizadores analógicos… Como encontram o novo caminho que vos levou ao actual som dos The Drums?
A primeira canção que eu e o Jacob escrevemos como The Drums foi o Best Friend e teve uma versão original com sintetizadores analógicos. E porquê? Na verdade tinhamos feitio música com sintetizadores analógicos durante todas as nossas vidas até ali. Falámos um pouco sobre o que estávamos a fazer... Mas mal estávamos a completar essa primeira versão da canção sentimos que estávamos um tanto cansados daquele som. O Jacob pegou então numa guitarra que estava por ali... Nunca tínhamos trabalhado em música a partir de guitarras... Ao pegar nas guitarras para tivémos aquela sensação de descobrir um novo instrumento. Era quase uma coisa meio exótica... E nem acreditávamos que estávamos a escrever novas canções para a guitarra.
O que vos chamou mais a atenção ao descobrir esse sentido de “novidade” que encontraram ao trabalhar com as guitarras?
É sempre excitante tentar fazer uma coisa que não se sabe fazer... E não há limitações, porque não sabíamos tocar, apesar de termos decidido que o íamos fazer. Era então preciso sentir... E foi assim que acabámos a desenvolver o som dos The Drums.
(continua)