O filme é sobre Shirin, princesa arménia, vivendo atribulados amores com o rei Khosrow e o plebeu Farhad. Só que o filme... não se vê. Mais exactamente, Shirin, de Abbas Kiarostami, filma uma galeria imensa de rostos femininos (114, para sermos exactos) assistindo a um filme cuja presença apenas adivinhamos através da banda sonora. O resultado distingue-se por uma enigmática transparência que participa, de uma só vez, do ritual e da parábola: porque sentimos o cinema como um mágico jogo de espelhos e também porque o feminino se expõe, aqui, como uma paisagem infinita de milagrosas variações (114 e todas as outras que pressentimos). Inspirando-se num poema persa do século XII, Kiarostami, o iraniano, mostra como o seu cinema está visceralmente encravado no seu país, ao mesmo tempo que participa de uma milagrosa dimensão universal.
>>> Shirin: texto de Jonathan Rosenbaum.
>>> Sobre a lenda da princesa Shirin.
>>> Entrevista com Abbas Kiarostami, por Eurico de Barros (DN).
>>> Shirin: texto de Jonathan Rosenbaum.
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