A memória da história da música popular portuguesa recebe a reedição de uma discografia que, absolutamente marcante no seu tempo, se mantinha ainda arredada da era digital. Os quatro álbuns do GAC - Grupo de Acção Cultural vão ser hoje editados em CD pela primeira vez, com som restaurado e remasterizado. A data não surge por acaso. Porque na verdade corresponde à passagem de mais um aniversário sobre o dia em que ganhou forma o manifesto do qual, algumas semanas depois, surgiu o grupo.
A história começa poucos dias depois da revolução. Em concreto, a 1 de Maio de 1974. Um manifesto anuncia então a criação de um Colectivo de Acção Cultural (CAC) e colhe desde logo 18 assinaturas, entre as quais as de José Mário Branco, Luís Cília, Adriano Correia de Oliveira, José Jorge Letria, José Afonso, Fausto, Francisco Fanhais, Vitorino, Júlio Pereira e Manuel Alegre. A 3 de Maio, o CAC junta uma multidão no Palácio de Cristal no Porto, onde organiza o I Encontro Livre da Canção Portuguesa. Ainda nesse mês, e na madrugada que se segue a um espectáculo em Almada, uma série de elementos do colectivo juntam-se em casa de Fausto. Passam depois dessa reunião a apresentar-se como Grupo de Acção Cultural e desempenham um papel nas movimentações populares que faziam o quotidiano pós-revolucionário.
O GAC passa a integrar vozes do coro da Juventude Musical Portuguesa em 1975, ano em que participa no Festival da Canção (com Alerta, que terminou classificada em quinto lugar) e, mais tarde, apoia a UDP, partido pelo qual faz campanha. Várias cisões, de carácter político, acompanham a história do GAC. E em inícios de 1976, do grupo original, só José Mário Branco se mantém. Os primeiros discos chegam em 1975. Só nesse ano, editam oito singles, quatro deles recuperados depois no primeiro álbum. Lançado em 1976, o segundo LP, Pois Canté, revela uma ideia musical que junta palavras marcadas pelo presente político a ecos que escutam raízes de tradições populares portuguesas, definindo um novo rumo na música do GAC.
O GAC passa a integrar vozes do coro da Juventude Musical Portuguesa em 1975, ano em que participa no Festival da Canção (com Alerta, que terminou classificada em quinto lugar) e, mais tarde, apoia a UDP, partido pelo qual faz campanha. Várias cisões, de carácter político, acompanham a história do GAC. E em inícios de 1976, do grupo original, só José Mário Branco se mantém. Os primeiros discos chegam em 1975. Só nesse ano, editam oito singles, quatro deles recuperados depois no primeiro álbum. Lançado em 1976, o segundo LP, Pois Canté, revela uma ideia musical que junta palavras marcadas pelo presente político a ecos que escutam raízes de tradições populares portuguesas, definindo um novo rumo na música do GAC.
A canção política representou um dos espaços centrais na história da música popular portuguesa, sobretudo na década de 70, tanto antes como depois do 25 de Abril. Entre as obras fundamentais da canção política (de protesto ou intervenção, como muitas vezes é designada) conta- se a discografia que, entre 1975 e 1978 foi lançada pelo GAC - Grupo de Acção Cultural. Nesses anos intensos editam vários singles e quatro álbuns - A Cantiga É Uma Arma (que reuniu alguns dos singles em 1975), Pois Canté (de 1976), Vira Bom (1977) e Ronda de Alegria (1978) - há muito desaparecidos dos escaparates das discotecas, todavia disponíveis nas lojas atentas ao vinil de colecção. São discos que não se esgotam contudo numa agenda política, representando alguns deles importantes exemplos de reflexão sobre tradições da música popular portuguesa. As reedições, que agora recordam esta história, trazem extras. A Cantiga É Uma Arma acrescenta o Hino da Reconstrução do Partido. E Vira Bom traz o Hino da Confederação. Ronda de Alegria inclui os temas do EP Marchas Populares.